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Safra 2024/25: Brasil rumo a recordes na produção de soja e milho

POR Roberta Marchioti, 11 JUL, 2025
11 JUL

A safra 2024/25 está se desenhando como um marco histórico para o agronegócio brasileiro — e os dados mais recentes da Datagro confirmam esse cenário promissor. Tanto a soja quanto o milho devem alcançar volumes expressivos, impulsionados por clima favorável, tecnologia no campo e uma demanda aquecida, tanto interna quanto externa.

Começando pela soja, a estimativa para o Brasil é de 48 milhões de hectares plantados — um aumento de 4% em relação ao ciclo anterior. Esse crescimento marca o 18º ano consecutivo de expansão da área, um feito que por si só já impressiona. Mas o que realmente chama a atenção é a produtividade: são esperados 3.585 kg por hectare, graças a uma combinação de boas condições climáticas e manejo eficiente. Com isso, a produção total está projetada em 172 milhões de toneladas, um novo recorde para o país.

No caso do milho, a área total plantada também sobe, ainda que em ritmo mais moderado: 2% a mais, totalizando 21,9 milhões de hectares. A grande virada está na produtividade, com alta de 7% — reflexo do clima mais estável, especialmente após os desafios enfrentados na temporada anterior. O Brasil deve colher 132,7 milhões de toneladas, resultado que também supera a safra anterior.

Apesar do bom desempenho no campo, o clima segue exigindo atenção. Maio foi um mês de chuvas abaixo da média em praticamente todas as regiões produtoras do Brasil, o que reduziu a umidade do solo. Já nos Estados Unidos, o cenário foi oposto: chuvas intensas, tornados e solos encharcados atrapalharam o avanço das lavouras, especialmente de milho e soja.

Do ponto de vista de mercado, os prêmios de exportação da soja brasileira seguem positivos, sustentados pela forte demanda da China. Em maio, houve uma leve desaceleração, pressionada pelos custos logísticos e menor tensão geopolítica, mas a expectativa é de retomada no curto prazo. O câmbio também teve impacto: o real mais valorizado em relação ao dólar (R$ 5,66 em maio) reduziu a competitividade externa dos nossos grãos.

No cenário internacional, a produção mundial de soja deve bater 426,8 milhões de toneladas em 2024/25, liderada pela América do Sul, que hoje já responde por 57% desse volume. O Brasil é o principal protagonista. Mas, com os estoques globais em alta, os preços seguem pressionados na CBOT. Nos Estados Unidos, a tendência é de redução na área plantada em 2025/26, o que pode oferecer algum suporte às cotações mais adiante.

Aqui dentro, o mercado está se ajustando. Mesmo com uma safra recorde, os estoques finais de soja devem aumentar para 1,3 milhão de toneladas, enquanto as exportações devem subir 14% e o processamento interno, 4%, puxado pela demanda por farelo e biodiesel.

Tudo isso mostra que o agronegócio brasileiro segue resiliente, produtivo e com papel cada vez mais relevante no cenário global. Com informações da Datagro.